Lucas Brito Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade
O Parque Natural Municipal Augusto Ruschi (PNMAR) foi oficialmente reinaugurado nesta sexta-feira (24). Com aproximadamente 243 hectares de vegetação, o parque é uma das principais Unidades de Conservação (área natural protegida) de Proteção Integral do Município, protegendo o bioma Mata Atlântica e fauna silvestre abundante com várias espécies endêmicas e ameaçadas.
O Parque suspendeu as atividades de visitação em virtude da realização de obras de reforma das estruturas físicas, melhorias de acessibilidade e instalação de sistema de saneamento dos sanitários, além de um biodigestor, equipamento que transforma os resíduos sólidos orgânicos (restos de alimentos, cascas de ovos e de vegetais, dejetos animais, entre outros), em biogás, energia renovável que é canalizado para uso na cozinha.
As estruturas do Parque, que datam da década de 70, passaram por reforma, contemplando revisão completa do sistema elétrico e hidráulico das estruturas da sede; reforma integral e implantação de sistema de saneamento dos sanitários de visitantes; do Centro de Estudos, que abrigará pesquisadores, bem como de todo o espaço para receptivo dos visitantes e partes da área administrativa da Unidade.
Em breve os agendamentos serão retomados, após a conclusão da capacitação de novos guias e monitores que viabilizem a retomada do uso público e demais atividades no Parque.
O Parque
O PNMAR oferece oportunidade de turismo ecológico e contemplação, educação ambiental e realização de pesquisas científicas, além da melhoria da qualidade de vida de moradores do entorno e visitantes. Conta, ainda, com patrimônio histórico preservado: primeiro sistema de captação, tratamento e abastecimento público municipal auxiliando na manutenção da biodiversidade local e regional.
O patrimônio natural do PNMAR presta muitos serviços ambientais como: proteção de parte do ecossistema, da fauna, flora e seu habitat; produção e proteção dos recursos hídricos e abastecimento do lençol freático; proteção de áreas com risco de erosão e movimento de massa e controle de cheia, inundação, alagamento e enxurradas; regulação microclimática e auxílio na recuperação atmosférica, filtrando o ar poluído; proteção de beleza cênica; oportunidade de recreação, educação ambiental e realização de pesquisas científicas, além da melhoria da qualidade de vida de moradores do entorno e visitantes.
O PNMAR ainda faz parte de um mosaico de áreas protegidas das esferas federal, estadual e municipal que protege parte do município de São José dos Campos e uma extensão da Serra da Mantiqueira.
A gestão do Parque Augusto Ruschi, de atribuição da Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade, conta com o apoio de um Conselho Gestor – CGPNMAR, órgão de caráter consultivo e representação paritária (mesmo número de membros do Poder Público e da sociedade civil) com atribuições de acompanhar a implementação do Plano de Manejo do Parque, promover articulações, analisar documentos, manifestar-se sobre atividades e empreendimentos potencialmente poluidores no entorno do Parque, pela avaliação, proposição e pelo acompanhamento de atividades e projetos que se destinam à consolidação do Parque Natural e regulação dos usos em sua Zona de Amortecimento.
A sede do Parque Natural Municipal Augusto Ruschi está localizada na Estrada Municipal Antônio Ferreira da Silva (SJC-338), nº 1000 – Bairro Costinha.
Pesquisas
As Unidades de Conservação de Proteção Integral da categoria Parque possuem três objetivos principais e um deles é a realização de pesquisas científicas. O PNMAR estimula a realização de estudos por pesquisadores e estudantes de graduação ou pós-graduação em seu território e entorno, em consonância com o Plano de Manejo e seu Programa de Pesquisa e Monitoramento – o qual visa conhecer e avaliar as condições ambientais do Parque e identificar alterações – contribuindo para a avaliação e realização de ajustes pela gestão da Unidade.
O PNMAR teve seu Centro de Estudos reformado com aquisição de móveis e equipamentos, revisão de identidade visual para sinalização indicativa e interpretativa das trilhas – com realização de estudo de viabilidade – e está sendo equipado para propiciar a realização de atividades Didáticas como reuniões técnicas, aulas, seminários e práticas diversas.
O Centro conta ainda com um pequeno alojamento (dormitório, sanitários com duchas e copa) que pode ser utilizado para pernoites por pesquisadores que desenvolvam estudos no Parque ou estudantes em disciplinas de campo.
Os estudos realizados, até o momento, estão relacionados, sobretudo, a aspectos da fauna silvestre do Parque, mas o PNMAR apresenta enorme potencial para realização de trabalhos científicos, considerando seu patrimônio natural e histórico.
A riqueza da avifauna do PNMAR está comprovada pelos vários colaboradores que se dedicam à atividade de Observação de aves e que percorrem as trilhas e espaços abertos do Parque em busca de registros e imagens.
Uma consulta ao e-bird sobre os registros feitos por pesquisadores e birdwatchers nos oferece a dimensão da riqueza de aves do Ruschi.
No âmbito do Conselho Gestor do PNMAR foi criada uma Câmara Técnica Permanente de Pesquisa, formada por conselheiros e convidados, que se reúne para analisar, debater e construir o Plano de Ação de Pesquisa do Parque, o qual envolve a avaliação e adequação de procedimentos para autorização de pesquisa, definição de aspectos prioritários de pesquisa para a Unidade, ações de comunicação científica, dentre outras questões relativas ao tema.
As pesquisas realizadas no PNMAR contam com procedimento de análise e autorização pela gestão da Unidade e validação pela CTP de Pesquisa. O interessado deve seguir os passos:
Os mesmos passos devem ser seguidos para solicitação de autorização visando à realização de atividades Pedagógicas ou de Extensão.
Sala interna do alojamento para pesquisadores | Foto: Claudio Vieira/PMSJC
Biodiversidade
O Parque Natural Augusto Ruschi está inserido na Área de Proteção Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul e possui importância importante remanescente representativo da vegetação de Mata Atlântica.
Em seu território estão abrigadas diversas espécies da fauna silvestre nativa e significativa flora regional com enorme presença de Euterpe edulis (palmito-juçara), espécie gravemente ameaçada e explorada de forma ilegal.
Dentre os animais silvestres que tem ocorrência nas matas do Parque Augusto Ruschi estão jaguatirica, cachorro-do-mato, veado catingueiro, cateto, guaxinim, lobo-guará, paca, quati, gavião-pega-macaco, tucano-de-bico-verde, gavião-pombo, anfíbios raros e rica avifauna apreciada por birdwatchers.
Nas trilhas do PNMAR também podem ser apreciadas diversas espécies da flora nativa como o cedro-rosa, copaíbas, ipês, cambarás, embaúbas, canelas, jacarandá, angico e bromélias, marmelinho, além de muitas outras presentes no interior da mata, sobretudo, nas áreas em estágio avançado de regeneração da vegetação nativa.
No PNMAR é encontrado também o sapinho pingo-de-ouro que foi alvo de publicação recente, por se tratar de uma nova espécie, conforme publicação: Oculto pelo nome: Um novo toadlet abóbora fluorescente do grupo Brachycephalus ephippium (Anura: Brachycephalidae), dos autores: Ivan Nunes, Carla S. Guimarães, Pedro Henrique AG Moura, Mariana Pedrozo, Matheus de Toledo Moroti, Leandro M. Castro, Daniel R. Stuginski e Edelcio Muscat. O mesmo sapinho “descoberto” em São Francisco Xavier ocorre nas matas do Parque Augusto Ruschi.
O Biólogo Matheus Moroti, um dos autores do estudo, foi responsável por outra descoberta, esta exclusiva do PNMAR, a do sapinho Scinax cardosoi, tendo sido o primeiro registro da espécie no Estado de São Paulo.
Faz parte da diversidade de espécies do PNMAR o sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita), espécie ameaçada e que foi alvo de dois anos de monitoramento pelo Biólogo Wagner Lacerda, no âmbito de ações realizadas pela empresa pública Copel. O estudo deu origem à cartilha didática “Conhecendo e protegendo o sagui-da-serra-escuro”, que conta um pouco do Parque e dessa importante espécie de primata.
Um local onde a natureza faz história
Em 1909, foi inaugurado o primeiro reservatório de água implantado pela Prefeitura, que fazia parte de sistema de captação superficial do rio Jaguari e visava substituir o precário sistema de poços da época. A capacidade era de 350 mil litros de reserva, com fornecimento diário de 864 mil litros, suficiente para abastecer 1.200 residências. Após inauguração da primeira estação de tratamento de água, na Rua Euclides Miragaia, o sistema foi desativado.
Uma parte significativa desse complexo encontra-se conservada no PNMAR, composta pelo reservatório, aqueduto e caixas de concreto da antiga tubulação, que se constituem como importantes referenciais do patrimônio histórico-cultural municipal.
Reinauguração do Parque Natural Municipal Augusto Ruschi
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