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Agência Minas Gerais | Produção de piscicultor assistido pela Emater-MG tem crescimento de mais de 1.000%

O André Jean Teixeira Guimarães já fez de tudo um pouco: foi office boy, feirante, motorista. Depois se formou em Educação Física e foi personal trainer. Até que a convite do pai foi morar em Rio Piracicaba, região Central de Minas Gerais e lá viu uma oportunidade de empreender na roça, na propriedade da madrasta. “A propriedade era arrendada e não estava produzindo. Então cheguei e comecei a trabalhar com gado de leite, fiquei dois anos nessa atividade. Mas a propriedade é muito rica em água e tinha viveiros desativados. Comecei a procurar informações técnicas sobre a piscicultura e reativei três viveiros. Consegui, de forma experimental, uma boa produção. A partir daí fui buscar mercado para meu peixe”, recorda.

Emater / Divulgação

André largou os pesos de academia, mas não o trabalho pesado. A piscicultura é uma atividade que exige bastante e ele participa de todo processo, desde os cuidados com os viveiros, a alimentação dos animais, até a despesca, em que entra na água e com uma grande rede retira os peixes já crescidos dos tanques.

“Toda atividade rural é bem braçal, mas também intelectual. Eu comecei com o básico, mas aos poucos fui agregando a tecnologia, como os aeradores que fazem incorporação de oxigênio na água, implementei técnicas de manejo com o peixe e qualidade de água, uso de probióticos, tudo isso faz com que consiga trabalhar com uma densidade de animais por viveiro bem maior que no início”, comenta.

Em função desses investimentos em técnica e tecnologia, a produção do André saltou de seis toneladas ao ano, em 2018, quando começou, para 70 toneladas atualmente, com a perspectiva de mais que dobrar esse volume nos próximos anos.

Agroindústria

Emater / Divulgação

Para agregar valor, o André partiu para instalação de uma pequena agroindústria, onde processa o filé de peixe, que sai congelado, pronto para o consumo. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) acompanha todo esse trabalho. A técnica de Bem-estar Social da empresa pública, Ana Maria da Silva, explica que atua orientando desde a escolha do local para instalação, passando pela construção adequada do empreendimento, conforme a legislação, até no fornecimento de cursos de formação, para que o André pudesse ser o responsável técnico pela agroindústria.

A Emater-MG também auxilia o piscicultor na elaboração de projetos para acesso ao crédito rural. “O pequeno frigorífico ele conseguiu com recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf, e já estamos pleiteando no Plano Safra atual recursos para aquisição de painéis de geração de energia fotovoltaica, porque a atividade gasta muita energia. E com as condições do Pronaf conseguimos diluir bem o custo da implantação. Outra melhoria que ele fará, com crédito rural, vai ser a aquisição de uma câmara fria, para melhorar a capacidade de estocagem. Nós apoiamos com a elaboração dos projetos, a emissão da CAF, Cadastro Nacional da Agricultura Família. Tudo isso é papel da Emater-MG dentro da propriedade dele”, explica o engenheiro agrônomo da empresa, Gustavo Caldeira.

Merenda Escolar

Cerca de 80% de tudo que o André produz vai para merenda escolar de escolas públicas da região. A inserção do André no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) também foi articulada pela Emater-MG. A nutricionista da prefeitura de Rio Piracicaba, Fernanda Bueno Ribeiro, explica que o peixe enriquece a alimentação dos alunos e por ser produzido na região chega sempre fresco e com alta qualidade para o prato das crianças.

“O cardápio é pensado com variedade, fomentando também os agricultores da região. Eles fornecem com muito carinho e conseguem atender a necessidade dos alunos por micronutrientes. Mais de 70% do nosso cardápio, elaboramos com produtos de nossos agricultores. E o peixe é um alimento de alto valor biológico, que conseguimos fornecer  toda semana”, reforça.

Para o André, a mudança total de vida, embora não tenha sido fácil, trouxe grande satisfação. “Por muitas vezes a gente pensa em desistir, porque o trabalho é pesado, seja com sol ou chuva. Mas é muito compensatório. Eu fico maravilhado porque sou nascido e criado na capital, não tive muito contato com os animais e poder produzir, ver um alevino chegando com dois centímetros, depois fazendo a despesca dele com um quilo, transformando esse peixe, beneficiando ele em alimento top de linha, de alta qualidade, é muito gratificante”, complementa.

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