Idealizado para gerar impacto socioeconômico, especialmente do trabalho e geração de renda para pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza das regiões mais vulneráveis do estado, o Trajeto Renda, de 2019 a 2023, beneficiou 12 mil pessoas dos 73 municípios de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Minas Gerais. O projeto faz parte do eixo Geração de Renda, do Programa Estratégico Percursos Gerais, elaborado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (Sedese-MG).
O Trajeto Renda chegou ao município de Bonito de Minas e mudou completamente a perspectiva do negócio do casal Vanessa e Elísio Oliveira, microempreendedores que têm no pastel de carne de sol com Queijo Minas e banana o carro chefe da lanchonete Recanto Singelo.
“Começamos sem nenhum conhecimento teórico sobre a administração de empresas, sobre questão de fluxo de caixa. Começamos apenas com a nossa vontade de empreender. E foi aí que tivemos a oportunidade de participar do projeto Trajeto Renda. Nele fizemos o curso de Educação Empreendedora pela Sala Mineira. Esse curso abriu nossa mente porque sempre tivemos essa sede por conhecimento, essa vontade de mudar, de crescer e esse curso foi fundamental. E, com certeza, se nós estamos aqui foi por causa disso”, garantiu Vanessa.
“Ele (o projeto) nos encorajou a alavancar ainda mais a nossa vontade, porque ela era de crescer. O curso nos proporcionou isso, ter mais conhecimento de quem eu sou e o que eu quero para mim”, reforçou Elísio.
Vanessa e Elísio foram atendidos no primeiro ciclo do projeto, que se encerra em 2023, cujo investimento do Governo de Minas foi de R$ 6.194.220,00.
Fabiana Mendes e Naiara Reis também estão entre os 12 mil mineiros beneficiários do projeto até aqui. Moradoras do município de Sericita, elas criaram o Meninas da Roça, empreendimento que produz doces caseiros feitos 100% de forma artesanal.
“Nós duas sempre pensamos em abrir um negócio, algo próprio, na área de doce ou bolo, pois é o que gostamos de fazer. Aí surgiu essa oportunidade com o projeto do Governo de Minas, com o apoio da prefeitura de Sericita, chamado Trajeto Renda. Tivemos cinco encontros que foram de uma grande serventia para nós, abriu a nossa mente, nos incentivou. Aí pudemos mostrar para o pessoal do curso os nossos doces caseiros, feitos 100% de forma artesanal, na fornalha a lenha”, frisou Fabiana.
“E então resolvemos, praticamente da noite para o dia, fazer nossos doces, saímos vendendo, já criamos Instagram, fomos divulgando, dando a cara a tapa mesmo”, relembrou Naiara.
Depois do início baseado na força de vontade das Meninas da Roça, o apoio do Trajeto Renda consolidou a iniciativa, que já vinha se expandindo.
“Começamos com dois quilos de doce em pedaços e dois quilos de doce em colher, e hoje entregamos na cidade duas vezes por semana. E já estamos trazendo novidades, algumas tortinhas de sal. Só temos a agradecer, graças a Deus a aceitação foi muito boa. A gente vende mesmo, o povo está gostando muito. É um doce clarinho, e garantimos o nosso produto”, brincou Fabiana.
Além dos dois ramos, o Trajeto Renda já apoiou empreendimentos nas áreas de artesanato (crochê, cosméticos artesanais); corte e costura; agricultura familiar; derivados de leite; extrativismo; engenho (rapadura), horta/cultivo e beneficiamento com mandioca; turismo; beleza; cuidados naturais; comércio e vendas; dentre outros negócios específicos de cada região.
Expansão em 2024
Com casos de sucesso como os de Bonito de Minas e Sericita, o Trajeto Renda vai começar o segundo ciclo em 2024. Nele, o investimento vai ser de R$ 5.089.231,00 para atender 56 municípios.
“Como ocorreu com a Vanessa, o Elísio, a Fabiana e a Nayara, o Trajeto Renda chegou para inúmeros municípios em Minas Gerais nos últimos anos, elevou a formação profissional, com assessoramento para a produção, ofertou insumos e abriu espaço de comercialização para que essas pessoas pudessem escoar aquilo que foi produzido. O projeto atendeu mais de 12 mil pessoas nesse tempo e o objetivo agora é dar suporte a outros 56 municípios para garantir a expansão e o acesso de mais mineiros ao programa”, resumiu Marcel Cardoso, superintendente de Gestão e Fomento ao Trabalho e à Economia Popular Solidária da Sedese.
As quatro fases do Trajeto Renda
Dentro do primeiro ciclo do Trajeto Renda, o projeto foi dividido em quatro etapas, de acordo com a localização de cada município. Atualmente, apenas a quarta está em execução em 26 municípios, sendo que as outras três já foram encerradas nos 73 municípios. As fases 2 e 3 encerraram-se em 30/6 deste ano, enquanto a fase 1 terminou nos primeiros meses de 2022.
Assessoramento
Para a fase 1 (16 municípios), foi utilizado recurso de emenda parlamentar, no valor de R$ 1,326 milhão, com execução de R$ 980 mil, referente ao valor do contrato formalizado com a empresa MegaQuality.
Para as fases 2 e 3 (31 municípios), formalizou-se Termo de Colaboração com a OSC Instituto Cultural Boa Esperança (ICBE), no valor de R$ 3,223 milhões, e foram executados cerca de R$ 3,091 milhões com as ações de assessoramento para produção e inserção nas dinâmicas de comercialização; e para execução dos cursos de qualificação profissional foi formalizado contrato junto ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), no valor de R$ 1.331.437,50.
Para a fase 4 (26 municípios), que ainda está em execução, foram disponibilizados em orçamento anual o valor de R$ 2.267.914,00 para a contratação dos serviços de inclusão socioprodutiva da empresa MegaQuality, e para a qualificação profissional foi projetado o aporte financeiro de R$ 1.344 milhão, para a execução de ações de aprendizagem rural.
Qualificação/Formação:
Além disso, até o momento foi repassada para a fase 1 a importância de R$ 291.051,00 para ações voltadas especificamente para qualificação profissional em contrato firmado com o Sebrae, e para as fases 2 e 3 o valor de R$ 1,347 milhão em recursos para ações de formação via Senar, totalizando R$ 1.638.051,00.
Programa Percursos Gerais
O Programa Percursos Gerais: Trajetória para Autonomia é parte da estratégia do Governo de Minas na busca pela redução das múltiplas formas de vulnerabilidade social encontradas no estado.
O Programa busca criar articulações de órgãos internos ao governo, estabelecer parcerias estratégicas externas e captar recursos por meio de fundos de financiamento e emendas parlamentares para subsidiar ações de geração de renda, esporte e lazer, assistência social, segurança alimentar e nutricional, habitação social, direitos humanos, e política de prevenção e cuidado sobre drogas.
Municípios atendidos no primeiro ciclo
– 16 municípios da Diretoria Regional Sedese de Teófilo Otoni: Água Boa, Ataléia, Bertópolis, Caraí, Catuji, Crisólita, Frei Gaspar, Fronteira dos Vales, Itaipé, Ladainha, Novo Cruzeiro, Novo Oriente de Minas, Ouro Verde de Minas, Padre Paraíso, Santa Helena de Minas e Setubinha.
– 31 municípios das Diretorias Regionais Sedese de Salinas, Diamantina e Montes Claros: Cachoeira de Pajeú, Curral de Dentro, Fruta de Leite, Josenópolis, Montezuma, Ninheira, Padre Carvalho, Rubelita, Santa Cruz de Salinas, Alvorada de Minas, Angelândia, Aricanduva, Coluna, Frei Lagonegro, Materlândia, Presidente Kubitschek, Rio Vermelho, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas, Bonito de Minas, Cristália, Ibiracatu, Juvenília, Miravânia, Pai Pedro, Pintópolis, Santo Antônio do Retiro, São João da Ponte, São João das Missões, Varzelândia e Verdelândia.
– 26 municípios das Diretorias Regionais Sedese de Almenara, Araçuaí, Curvelo, Governador Valadares, Metropolitana, Muriaé, São João del Rei e Timóteo: Bandeira, Felisburgo, Joaíma, Mata Verde, Monte Formoso, Palmópolis, Santo Antônio do Jacinto, Chapada do Norte, Comercinho, Ponto dos Volantes, Congonhas do Norte, Alvarenga, Nacip Raydan, Nova Belém, São José da Safira, São José do Jacuri,São Sebastião do Maranhão, Senhora do Porto, Morro do Pilar, Araponga, Fervedouro, Orizânia, Pedra Bonita, Sericita, Cipotânea e Imbé de Minas.