O empenho do Governo de Minas em fazer do Carnaval da Liberdade o mais seguro do país teve saldo positivo: neste ano, mesmo com aumento de público, todos os crimes monitorados pelas Forças de Segurança do Estado durante os quatro dias de folia tiveram queda, tanto em Belo Horizonte quanto no interior.
A redução alcança índices de até 47,8%, como é o caso do número de celulares roubados na capital mineira, que caiu de 94 para 49 na comparação com o Carnaval do ano passado. Com uso de tecnologia de ponta, efetivo reforçado e trabalho integrado, o Carnaval de Minas Gerais se consolida escolha e destino de quem busca mais segurança.
Os dados foram apresentados na manhã desta quinta-feira (15/2), em entrevista coletiva no Palácio das Liberdade, região Centro-Sul de BH, com as presenças do governador Romeu Zema, secretários e autoridades da Segurança de Minas.
“Tivemos um número recorde de foliões em todo estado e com redução de criminalidade. Segurança é a nossa marca. Estamos deixando claro que, quem quer ir para o Carnaval e sem dor de cabeça, deve vir a Minas Gerais. Quero dar os parabéns às Forças de Segurança. Isso nos orgulha muito”, enfatizou o governador.
De acordo com pesquisa realizada pelo Observatório do Turismo de Minas Gerais, a sensação de segurança no estado foi bem avaliada pelos foliões que vieram de outras cidades e estados, na capital e no interior de Minas: 78% dos visitantes atribuíram as classificações de “muito bom” a “ótima” para este quesito, pontuando entre sete e dez em uma escala de zero a dez.
Os registros gerais de roubo tiveram redução de 31,5% e os de furto, de 31,4%, em todo o estado, como mostram os dados do Observatório de Segurança Pública, da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Foram exatos 1.296 furtos a menos em Minas durante o Carnaval.
Já em Belo Horizonte, houve queda de 37,4% nos roubos e de 24,7% nos furtos. Motivo de preocupação dos foliões, os furtos e roubos de celulares também tiveram queda na folia deste ano, tanto em Belo Horizonte quanto nas cidades do interior. A redução foi de 21,4% em todo o estado e de 10% na capital – quando se considera o furto; e de 36,6% no estado e 47,8% em BH – quando se considera o roubo dos aparelhos.
“Nesse ano nosso desafio era muito grande, porque o Carnaval do ano passado foi um sucesso. Então, reduzir os índices de criminalidade como aconteceu em 2023, era um desafio muito maior. Neste ano tivemos uma redução muito significativa. É muito importante frisar: não tivemos nenhum índices de aumento”, pontuou o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Rogério Greco.
Importunação sexual e estupro
Os registros de importunação sexual também são preocupação frequente quando o assunto é Carnaval, principalmente entre o público feminino. No estado, os dados de importunação sexual caíram 36,8%, diminuindo de 76 ocorrências na folia do ano passado para 48, no mesmo período deste ano.
Já em Belo Horizonte, a redução foi de 27,7%, com queda de 18 para 13 casos. No Carnaval da capital, a maior parte das vítimas (69,2%) têm idade entre 18 e 30 anos.
“Essa redução nos faz concluir que toda essa mobilização social que nós fizemos, a conscientização dos foliões em denunciar e a campanha que promovemos, foram determinantes para que os números fossem reduzidos” explicou a chefe da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), delegada-geral Letícia Gamboge.
Efetivo reforçado
Durante a festa, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) empregou todo seu efetivo, cerca de 36 mil homens e mulheres, no policiamento. Além disso, a instituição agregou tecnologias para auxiliar na atividade policial na ponta.
O planejamento desenvolvido pela instituição incluiu o reforço de policiais militares não somente nos municípios mineiros, mas em áreas de balneários e rodovias, para garantir a segurança dos foliões e da população em geral que optou por viajar nesse período ou realizar outras atividades de lazer.
“Todas essas ações que fizemos foram para deixar as pessoas cada vez mais seguras. Eu quero agradecer à população que incorporou o sentido de Carnaval da segurança. É muito importante quando as pessoas também ajudam a polícia”, ressaltou o comandante-geral da Polícia Militar de Minas Gerais, coronel Rodrigo Piassi.
Nas rodovias que cortam o estado, foram realizadas diversas operações, inclusive com câmeras OCR, que fazem o reconhecimento de placas de veículos, e blitze de Lei Seca, especialmente nas entradas das cidades do interior de Minas.
O planejamento contou ainda com apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) e Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). As áreas de balneário, rios, lagos e parques foram fiscalizadas pelo Comando de Policiamento de Meio Ambiente (CPMAMB).
Já a Polícia Civil contou com cerca de 1,2 mil servidores a mais nas escalas dos quatro dias de folia e, com isso, reforçou o efetivo de unidades de plantão, de delegacias de cidades turísticas, das unidades periciais e do Instituto de Identificação, para citar alguns exemplos. As equipes plantonistas da Polícia Civil foram incrementadas para agilizar o recebimento de ocorrências com conduzidos em situação de flagrante.
A partir dos registros aportados nas delegacias da PCMG em toda Minas Gerais, de sábado (10/2) a terça-feira (13/2), foram gerados 2,4 mil procedimentos, entre eles 1.082 autos de prisão em flagrante delito (AFPD) – redução de 18,09% em comparação a 2023. Desse total, 526 referem-se a Belo Horizonte, sendo 137 APFDs (-26,47% se comparado a 2023).
“Nós podemos dizer que Minas Gerais teve um Carnaval muito seguro. A integração das Forças de Segurança Pública é essencial para que tenhamos segurança efetiva. Por isso, quero agradecer a todo o efetivo da Polícia Cívil de Minas Gerais que se mobilizou, se engajou e acolheu a população que procurou, garantido assim, a segurança de todos os foliões”, disse a delegada-geral Letícia Gamboge.
Tecnologia a serviço da Segurança Pública
Pela primeira vez, o Carnaval de Belo Horizonte contou com o uso de tecnologia de reconhecimento facial, em busca de foragidos da Justiça. Um banco de dados com o rosto de todos esses indivíduos que deveriam estar presos foi adicionado à nova ferramenta da Sejusp, que atuou de forma preventiva neste Carnaval. Banco de dados com informações e imagens de desaparecidos também estavam na mira do reconhecimento facial.
O trabalho de inteligência e de uso de sistemas de segurança para monitoramento de pessoas que utilizam tornozeleira eletrônica também obteve bons resultados.
De acordo com a Polícia Militar, em todo o estado, foram flagradas 83 pessoas com tornozeleiras e em descumprimento de ordem judicial no Carnaval.
Somente na capital, foram 49 conduções de tornozelados por descumprimento dos acordos da medida judicial. Esse trabalho é realizado, de forma integrada, com a Polícia Penal de Mins Gerais, que realiza, ao longo do ano, o monitoramento 24h dos tornozelados do estado.
As duas carretas do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) Móvel também estiveram empenhadas no Carnaval em Belo Horizonte, atuando como base de operações das forças de segurança e como base de monitoramento e observação do Carnaval.
Os foliões puderam acionar as forças de segurança pela internet, pela primeira vez, neste ano, por meio do Emergência MG. O serviço da Sejusp permite a chamada ao 190, 197 e 193 por meio de chat. Um único canal para pedido de ajuda que já funciona na capital e em mais nove municípios no estado.
A PMMG também utilizou drones modernos, com câmeras de alta potência e aproximação de até 56 vezes, além de Plataformas de Observação Elevadas (POEs), que possuem tecnologia embarcada com câmeras que filmam 360° e têm capacidade de identificar uma pessoa num raio de três a quatro quilômetros.
Com as imagens e as informações imediatas, repassadas pelos militares do Comando de Aviação do Estado (Comave), que operavam as duas tecnologias, havia o redirecionamento do policial militar para abordagem, tornando a atuação da PM ainda mais rápida e evitando delitos.
Como exemplo, a prisão de autores de furto a celular, no sábado de Carnaval, em um desfile de bloco, a partir de imagens geradas pelos drones. As características foram repassadas ao policiamento em solo, que prendeu pessoas e recuperou diversos aparelhos.
“Faço um agradecimento especial a toda tropa da Polícia Militar pelo magnífico empenho que nós tivemos em todo estado. Os políciais trabalhando dentro dos protocolos, agindo dentro das orientações e entendendo que o papel da Polícia Militar é este mesmo, fazendo que a população se sinta cada vez mais segura”, concluiu o comandante-geral da Polícia Militar de Minas Gerais.
Registro de ocorrências
Para potencializar o serviço oferecido pelas outras unidades da PMMG e com o objetivo de facilitar eventuais registros de ocorrências policiais em Belo Horizonte, a Polícia Militar de Minas Gerais criou duas Centrais de Registros, com capacidade de cerca de 550 ocorrências por dia e ambiente estruturado para receber e ofertar um atendimento imediato e qualificado aos foliões que necessitassem do serviço.
As duas centrais também contaram com espaço específico de atendimento à mulher vítima de violência, realizado por equipe especializada da Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica (PPVD).
Investigação criminal
Para o período do Carnaval, a Polícia Civil organizou sua atuação em três pilares: repressão qualificada, com deflagração de operações prévias ao feriado, decorrentes de investigações em todo o estado, focadas no combate ao crime organizado, que resultaram, no período de 1/1 a 7/2/2024, no cumprimento de 238 mandados de prisão e 433 mandados de busca e apreensão, totalizando 671 medidas – aumento de 54% em relação ao mesmo período de 2023, mobilização social, e reforço operacional.
A Delegacia Móvel esteve presente no Circuito Cultural da Praça da Liberdade em Belo Horizonte e, ainda, outras equipes da PCMG atuaram em pontos de apresentação de blocos na capital, assim como em cidades com tradição de festas carnavalescas.
Corpo de Bombeiros
Cerca de 65% do contingente do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) foi direcionado para o Carnaval de Belo Horizonte, enquanto os outros 35% foram alocados para fortalecer as atividades de prevenção nas festividades e balneários de todo o estado. Com relação ao serviço de proteção contra incêndio e pânico, em BH foram cadastrados 586 blocos, sendo 475 aprovados, e 142 cancelados pelos próprios organizadores (alguns já estavam aprovados).
“Nós tivemos uma participação efetiva na coordenação das brigadas. Foram dez blocos com mais de 150 mil foliões e 53 com mais de 50 mil. Em todos eles, nós tivemos uma guarnição específica para fazer a coordenação das brigadas”, detalhou o comandante-geral do CBMMG, coronel Erlon Dias do Nascimento Botelho.
Foram priorizadas ações preventivas, contando com mais de 20% de ocorrências atendidas no período. Tal prioridade pode estar relacionada a uma diminuição de todos os outros tipos de ocorrências atendidas, como acidentes de trânsito (redução de 42,2% em BH e 15% no restante do estado) e afogamentos (ausência de registros em 2023 e 2024 em BH, e uma redução de 30% no estado).