O Centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra, vinculado à Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres (SPPM) da Prefeitura de João Pessoa, comemorou, nesta sexta-feira (12), 18 anos de criação. Nesse período, foram aproximadamente 8 mil mulheres vítimas de violência assistidas. Para comemorar, a manhã foi de cuidados para as usuárias, tendo serviços como aferição de pressão arterial, glicemia, cabeleireiro, maquiagem e terapias integrativas como massagens, reflexologia, ventosaterapia, reiki e yoga.
“O Centro de Referência é uma ferramenta que mudou a realidade da violência doméstica na nossa cidade. Ele nasceu com a Lei Maria da Penha que possibilitou a criação dos centros de referência, e João Pessoa foi uma das primeiras cidades a implantá-lo. O que temos de mais importante é que nunca perdemos uma mulher para o feminicídio. Nesses 18 anos, o centro acompanha mulheres e conseguimos ajudá-las a romperem com um ciclo de violência em segurança”, destacou Juliana Dantas, secretária executiva de Políticas Públicas para as Mulheres.
O Centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra atende as mulheres em situação de violência doméstica familiar e sexual e faz parte de uma rede de apoio composta por uma equipe multidisciplinar, com advogadas, assistentes sociais e psicólogas. “Esse é um lugar onde as mulheres são acolhidas e protegidas quando sofrem algum tipo de violência e esse momento é de grande importância onde estamos comemorando 18 anos de existência e resistência. Esse lugar fez toda a diferença na vida de dezenas de mulheres vítimas de violência”, frisou Lila Oliveira, coordenadora do Centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra.
A comemoração contou com muitas lágrimas, sendo desta vez de alegria. Foi o caso de uma aposentada que não será identificada nesta reportagem. Ela foi a primeira mulher a ser atendida no Centro de Referência, passou a trabalhar no local e sua história foi tema de monografias e até de um longa-metragem. “Sofri violência de toda qualidade em 32 anos de casamento. Ele tomava cachaça e batia em mim e nos meus filhos. Sofri muito, tive depressão. O Centro me deu força, elevou minha autoestima e consegui me separar. Foi aqui que recebi ajuda e agora consigo ajudar várias mulheres”, disse.
Já uma outra usuária de 40 anos conta que chegou ao Centro de Referência da Mulher há pouco mais de um ano, através de um atendimento no Centro de Referência de Assistência Social (Cras). “Sofri muito com violência psicológica e física e vim no Centro em busca de orientação sobre medida protetiva, pensão alimentícia e acompanhamento para tratamento de depressão e ansiedade. Me ajudou demais”, afirmou.
Outra mulher atendida pelo Centro relatou os momentos vividos por ela. “Cheguei aqui num caos, fugida de casa só com uma mochila”. Ela contou que tinha dependência emocional e que o ex-marido era controlador, não deixava que ela tivesse amigos, afastou-a de seus familiares e controlava os recursos financeiros, além de sair e deixá-la trancada. “Ele sempre repetia que ninguém ia me amar mais que ele. O Centro me ajudou a retomar meu trabalho e no resgate da minha identidade. Voltei a estudar, a trabalhar, a fazer as coisas no meu ritmo e do meu jeito”, contou emocionada.
Parceria – No evento também foi anunciada a parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedest) através do programa ‘Eu Posso’, que será lançado em breve. “Vai ser lançado um edital direcionado às mulheres vítimas de violência que são atendidas no Centro de Referência e na Ronda Maria da Penha. Elas vão ter acesso a uma linha de crédito especial, além de capacitação e formação”, adiantou Juliana Dantas.
Serviço – O Centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra funciona com atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h, na Rua Afonso Campos, 111, Centro. Mais informações pelos telefones: (83) 98695-3549 (WhatsApp) ou 0800-283-3883.
Canais de denúncias:
190 – Polícia Militar
153 – Guarda Civil Metropolitana e Ronda Maria da Penha
197 – Polícia Civil
180 – Central de Atendimento à Mulher
